Em agosto passado, conheci o carnavalesco Cahê Rodrigues na Festa de Barretos.
Responsável pelo carnaval da Imperatriz Leopoldinense, que ficou na sexta posição na classificacão geral, ele havia viajado para tentar entender, um pouco mais de perto, nosso universo sertanejo.
Quando soube que a escola contaria a história da dupla e do homem no campo (misturando um pouco com a história de Goiás), comecei a me preocupar com tanto assunto para pouco mais de uma hora de desfile. Não que eu entenda algo de desfile, mas sabia que a força do enredo seria justamente a rica história da dupla, que poderia ficar sub-aproveitada.
Todas as minhas dúvidas e preocupações com o enredo sumiram durante o desfile. Foi uma das homenagens mais bonitas que uma dupla sertaneja já recebeu até hoje. Completando 25 anos de carreira, Zezé e Luciano foram premiados.
Ao ver Chitãozinho e Xororó no carro abre-alas, percebi que as coisas seriam muito mais sérias do que pareciam. Perdeu quem foi convidado para desfilar e, de maneira equivocada, julgou o convite como algo não muito interessante. Aconteceu bastante isso.
Falar de um artista e explorar a cultura na qual ele foi formado não é dos desafios mais tranquilos. Não que seja difícil, mas se torna perigoso quando há a necessidade de falar de história de uma maneira leve e obrigatoriamente divertida.
Assisti pessoalmente e depois na internet, para entender um pouco mais do enredo e sem a emoção do ao vivo. Daria para fazer sete carros alegóricos com passagens importantes da história deles, mas imagino que isso poderia não atender exatamente ao que era proposto.
No quesito enredo, a escola perdeu 0,2 décimo, o que pode ser um indício de que a sequência dos fatos abordados não ficou tão clara na avenida.
Pra mim, nada se compara ao último carro: atrás da dupla, um menino com uma viola na mão e um par de asas, representando Emival, irmão que faleceu ainda criança, quando cantava ao lado de Zezé.
Independentemente da colocação, a homenagem será para sempre.
(foto: G1)