No fim de semana passado, sábado e domingo, a Brahma realizou o “Brahma Valley”, seu primeiro festival de música sertaneja. O evento aconteceu no Jockey, em São Paulo.
A imprensa repercutiu bastante a lama presente principalmente no segundo dia do evento, já que choveu muito forte no sábado pela noite e durante o domingo todo. Inevitavelmente, o tempo afastou uma parte do público esperado.
Quem se aventurou na pista e não teve medo de se sujar, conseguiu se divertir bastante com uma série de bons shows ao longo dos dois dias.
Creio que ficaram algumas impressões que reforçam ideias que já escrevi por aqui e com a qual a maioria concorda: o sertanejo é bem aberto a outros gêneros, é um estilo musical que agrega sem muitos preconceitos, mas há um detalhe importante nessa questão.
Outros ritmos são aceitos facilmente, mas outros artistas, no entanto, não tão facilmente assim. Houve participações de nomes como Negra Li, Jairzinho e Luciana Melo, Projota (que fez um show inteiro), e nomes gringos como Phillip Phillips, Colbie Caillat e Chris Weavers Band. O público, no geral, não deu muita atenção. Não é nem por uma questão de gostar ou não, mas por não acompanhar outros mundos.
A intenção do Brahma Valley é a de agregar, mostrar que o maior público consumidor de música no país também aceita experiências diferentes, e é claro que houve parcerias que resultaram em coisas bacanas, como a do Gusttavo Lima com o Catra (já acostumado ao ambiente sertanejo), e do Lucas Lucco com o Gabriel, o Pensador (que me pareceu extremamente à vontade e só enriqueceu o show). Anitta e Ludmila, que eu não consegui assistir, mas que são artistas mais populares, também acredito ter funcionado muito bem.
Para o ano que vem, no entanto, vale a pena rever não o conceito, mas pensar nas escolhas de maneira diferente (e me incluo nessa, já que também estive presente em parte da montagem do elenco).
Outra alteração que pode ser feita é em relação ao tamanho de alguns shows. Chitãozinho e Xororó, por exemplo, poderiam ter feito meia hora de show a mais, tranquilamente. Vantagens de festival que vão sendo compreendidas conforme as edições vão acontecendo.
O evento trouxe uma novidade positiva, ao menos pra mim. Como o Jockey não permitia que os shows passassem das 23h, todos os horários foram seguidos à risca. Não houve, em momento algum dos dois dias, mais de 10 minutos sem show.
O importante é que o festival mostrou a cara. Para o ano que vem, público e artistas sabem o que esperar, entendem o tamanho do projeto e a importancia que tem para o mercado sertanejo como um todo.
Previsível que parte da imprensa e até do mercado, principalmente os que não foram convidados, pesassem as mãos nas críticas. Afinal, trata-se de um evento que conta com o suporte de uma empresa bilionária, e dinheiro não mãos dos outros incomoda, dá mais vontade de criticar.
Pena de quem não entendeu o potencial para o sertanejo. Para o ano que vem, além dos Villa Mix, dos Festeja, e possivelmente dos Loop 360º, teremos o Brahma Valley.