Escrevi, na semana passada, que a pressa era a responsável por uma série de equívocos escritos sobre Cristiano na internet. No desespero para postar algo e fazer parte da discussão, análises de todo o tipo foram publicadas por aí.
Pressa que tive que controlar durante toda essa segunda-feira, e esperar o desfecho do “caso Zeca Camargo”. Também me incomodei, logo de cara, com as palavras dele em sua crônica na Globo News. Por mais que ele tenha explicado, em seu blog, o que quis realmente dizer no texto, a sensação clara é de menosprezo.
Ele tem todo o direito de considerar o sucesso de Cristiano fruto da falta de cultura do brasileiro (opinião é opinião), mas duvidar da comoção causada ofendeu uma infinidade de pessoas. Achei bacana os sertanejos se organizarem e repudiarem as afirmações dele, pois a manifestação mostra que há um outro mundo que discorda de forma veemente das afirmações feitas na crônica. A indignação é totalmente válida, e importante quando manifestada por figuras de expressão.
Por mais que eu tenha me incomodado assim como a maioria de quem me acompanha aqui, não acho tão interessante o caminhão de ofensas feitas na página pessoal dele, já que os xingamentos não nos fazem ganhar jogo algum.
No entanto, o incômodo de uma legião de pessoas fez com que ele se desculpasse duas vezes, ao vivo, na Globo, e no Instagram.
É necessário frisar que Zeca não está sozinho na maneira de pensar sobre o gênero, da qual discordamos, então não faz sentido algum colocá-lo como “inimigo número um do sertanejo”.
Escrevi diversas vezes no blog a respeito da indiferença com a qual a imprensa mais “culta” trata o sertanejo. Quando abordam o sucesso, sempre o tomam como algo “exótico”.
A execração pública de quem quer que seja não vai nos transformar em pessoas melhores e nem resolver nosso problema, mas a resposta imediata ao caso, assim espero, vai fazer com que jornalistas que cobrem música para veículos tradicionais tenham um comportamento diferente a partir de agora.
O jornalismo musical apanhou como nunca no caso do Cristiano, e torço para que as tragédias, do artista e da cobertura jornalística, sirvam de lição.