Tragédia dá audiência, e a mesma imprensa que critica a exploração do assunto, não perde a chance de também explorar.
O dia seguinte era pra ser de reflexão, pra sentir de fato o tamanho da perda, mas não foi.
Não se perde a chance, nunca, de se tirar uma casquinha para se promover.
Na quarta, dia do triste ocorrido, apareceu um vidente que disse ter tido uma premonição do acidente do cantor, e surgiu uma moça desconfiada de que seu filho de 13 anos pudesse ser do Cristiano. Dava pra ser pior? Claro que dava.
Ontem, na quinta, piorou. Textos para todos os lados fazendo análises sem nenhum embasamento sobre a carreira do Cristiano, tentando mostrar, de alguma forma, que ele não era tão “famoso” para gerar a comoção que gerou (é mole?). Algo inacreditável para 2015.
Já estava tudo bem ruim, mas o ser humano sempre capricha. Um vídeo da necrópsia do cantor foi divulgado, gerando uma revolta imediata e coletiva compreensível, diante da falta de respeito (os funcionários responsáveis pelo vídeo já foram demitidos). Não demorou muito para que políticos se manifestassem ao melhor estilo “deixa comigo que eu resolvo esse problema”, tomando a frente de uma questão de grande apelo, em busca, como sempre, de um holofote.
Sem esquecer do discurso “falta de respeito com a família” adotado ferozmente por tantas pessoas no Facebook, muitas delas que, em horas vagas, repassam fotos e vídeos vazados de meninas sem nenhuma culpa (meninas que, vejam só, também têm família!).
Por falar em Facebook, fica também o registro dos vergonhosos e inúmeros posts que forçam uma amizade inexistente com o artista nesses momentos. É feio, mesquinho, e revela muito da personalidade de quem posta.
A internet permite uma troca de informações imediata fantástica, mas te pede pressa.
É dessa pressa que surgem abobrinhas escritas, comportamentos condenáveis e o mar de hipocrisia.
O dia seguinte ao acidente foi lamentável.