Milionário e José Rico "de raiz"? Não é bem assim.
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Milionário e José Rico “de raiz”? Não é bem assim.
Milionário e José Rico "de raiz"? Não é bem assim.

Foi comum ler nos últimos dias frases como “perdemos um dos últimos sertanejos de verdade”, “a música de raiz perdeu um ícone”, “Zé Rico sim fazia música sertaneja”…

Todos esses tipos de comentários mostram uma confusão que muito se faz a respeito da história da música sertaneja, e mostra que as pessoas vão sempre reclamar do que é novo e exaltar o antigo.

Milionário e José Rico nunca foram de raiz, nunca foram “da origem”, nunca foram ícones da música sertaneja “de verdade”, como o pessoal gosta de dizer.

A dupla, que se tornaria uma das mais importantes de todos os tempos, foi criticada pessoal da raiz, pelos cantores de música caipira. Se até o final dos anos 1960 a viola e o violão, sozinhos, ainda davam as ordens na música sertaneja, os anos 1970 foram uma avalanche.

Guitarra, bateria, baixo, violão, metais… e qual dupla era uma das líderes desse novo “movimento” sertanejo? Milionário e José Rico.

Além disso estar registrado em diversas obras que tratam da linha evolutiva do sertanejo, a própria dupla contava, em entrevistas, que as novidades nem sempre eram bem aceitas.

Aproveitando que essa semana foi aniversário de 90 anos da Inezita Barroso, deixo aqui uma frase dela relatada no livro “Da Roça ao Rodeio”, de Rosa Nepomuceno.

Inezita explica a sensação das duplas caipiras (essas sim, que a gente pode chamar de raiz) ao ver ascender um novo estilo de música sertaneja, no qual Milionário e José Rico se enquadravam.

“…não é que eu não goste, mas eles quebraram aquela unidade caipira. Então dali pra cá começaram a aparecer as duplas ditas modernas, né? Criou-se nesse momento, não uma inimizade, mas uma prevenção contra esse tipo de música. Os caipiras resolveram se unir, porque não havia mais lugar para eles, eles estavam indo embora, pro interior”.