Quando Bruninho e Davi foram lançados “oficialmente”, lá em 2011, e a grande dúvida era: o que os empresários de Michel Teló, Jorge e Mateus e o produtor Dudu Borges pretendiam lançando dois jovens, que pra começo de conversa, posaram nus na capa de um disco?
A resposta não é segredo: ter um artista com o qual se pudesse fugir dos padrões, experimentar, tocar a carreira de forma diferente dos outros nomes consagrados que cada empresário já tinha em mãos. Sendo mais claro, fazer com a dupla o que não tinham coragem ou não poderiam fazer com seus artistas.
Não se gastou fortunas pra divulgação de músicas, não se forçou valores de cachê, não se fechou parceria com nenhuma gravadora, e não se gravou um DVD logo de cara.
Apostaram em clipes atrás de clipes, tendo o primeiro deles, “Vâmo Mexê”, servido de inspiração pra um caminhão de vídeos a partir de então.
Toda essa longa abertura pra dizer que o primeiro DVD da carreira da dupla, gravado ontem em Campo Grande-MS, não fugiu do que era a linha traçada lá atrás: em relação a cenário, provavelmente o DVD mais diferente desses últimos anos (a última foto mostra bem). O repertório, abrangente, fugiu das canções bobas de boate, e mesmo assim sem deixar de ser uma seleção prioritariamente pra cima.
A gravação teve as participações de Michel Teló, Jorge e Mateus, João Bosco e Vinícius e Léo Verão e Daniel Freitas. João Bosco e Vinícius, ao meu ver, ficaram com a melhor música entre os convidados.
A espera de dois anos pra gravar o projeto, no fim das contas, agradou a todos. Até mesmo aos cantores, que se reconhecem mais preparados após terem caído na estrada. Não sei se é de conhecimento geral, mas os dois mexem com música desde muito novos, quando começaram na igreja.
O DVD parece afastar uma impressão que a mim incomodava: a postura despojada além da conta os tornava muito normais. Faltava aquela diferença, mesmo que mínima, entre quem está no palco e quem está na plateia.
Eles não ficaram mais sofisticados, pois nem combinaria muito, mas é perceptível uma postura um pouco mais “artística”, provavelmente conquistada na estrada.
Com o repertório bem redondo, agora ajudado por um DVD que deve ser trabalhado como nenhum outro projeto da dupla foi, 2014 pinta como um ano muito promissor a eles.
*Fotos: Fernando Hiro