Os mexicanos do Maná e o sertanejo
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Os mexicanos do Maná e o sertanejo
Os mexicanos do Maná e o sertanejo

A série “Bastidores”, que venho publicando há dois meses às segundas-feiras, hoje dá espaço a uma entrevista inusitada (a seção voltará nas próximas semanas).

Entrevistei o Maná, grupo mexicano com 25 anos de carreira, sucesso em vários cantos do mundo e vencedor das mais diversas premiações musicais.

E o que o Maná tem a ver com música sertaneja?

É que dentro de um projeto, que está sendo tocado neste momento, de fazer o nome da banda no Brasil, uma das questões mais importantes na cabeça deles é a de conseguir entrar no nosso mercado de shows sertanejos.

O grupo buscou um profissional bastante conhecido para coordenar a entrada no mercado brasileiro: Rommel Marques, ex-executivo de gravadora (Warner, EMI e Sony no Brasil e BMG em Portugal), e que também foi empresário de Zezé e Luciano, tendo sido um dos produtores de “Dois Filhos de Francisco”.

Ele será o responsável por “posicionar”, verbo que o mercado adora utilizar, a banda no mercado de shows brasileiro. De acordo com Marques, “a intenção da banda é ampliar seu mercado de shows, ir para o interior do Brasil, e não ficar apenas em capitais, como já acontece”.

Quem acompanha o blog, já leu que em uma espécie coletânea recém-lançada no Brasil, o Maná gravou ao lado de Jorge e Mateus e também de Luan Santana (além de Thiaguinho e Jota Quest), o primeiro passo para esse projeto de popularizar o Maná no Brasil.

Recebi o convite para a entrevista e fui lá, claro, entrevistar com o viés sertanejo. A conversa segue abaixo.

O Maná é formado, por ordem da foto, por Juan Calleros (baixo), Sergio Vallín (guitarra), Fher Olvera (voz), e Alex González (bateria).

Os mexicanos do Maná e o sertanejo

O Maná já emplacou sucessos no Brasil, já tocou e já ganhou disco de ouro por aqui. O que traz o Maná ao Brasil hoje, com um projeto mais forte para ganhar espaço?

Alex: A ideia é que nós estamos muito interessados em entrar no Brasil. Ele é o único país da América Latina que o Maná ainda não conquistou, e nós achamos que seria muito bom pra gente um contato maior com o público brasileiro. Queremos mostrar nosso trabalho, queremos tocar, e mostrar que nossa música também tem muito a ver com o povo brasileiro.

Gravar com artistas nacionais foi o primeiro passo de vocês pra esse novo projeto. Por que Jorge e Mateus e Luan Santana?

Alex: Foi uma ideia pra gente estar mais junto do público brasileiro. Recebemos algumas recomendações de artistas e gostamos muito de alguns. Gravamos com Jorge e Mateus, Luan Santana, Thiaguinho e Jota Quest. Achamos que nossas músicas poderiam ficar bonitas nas vozes desses artistas. Nos unimos com artistas diferentes, de balada ou de estilo romântico, porque nós não temos preconceito musical, quem conhece a carreira do Maná sabe disso.

Como funcionou a escolha das músicas pra gravar em parceria com os brasileiros?

Fher: Nós demos a liberdade para eles escolherem quais canções interpretar, todas sucessos do Maná, e deixamos todos livres pra que eles fizessem as próprias versões, pra que houvesse a identidade deles também. Nós nos encontramos com todos em estúdio, menos com o Luan Santana, que nós ainda não conhecemos.

Abaixo, segue a parceria com Jorge e Mateus, “Você é minha religião”, canção que está sendo trabalhada nas rádios.

Qual vocês acham a principal dificuldade pro Maná se estabelecer por aqui?

Alex: Não falo em dificuldades, mas nós decidimos que precisamos estar aqui, pois de fora não funciona, talvez isso seja um problema, não estar aqui. Nós estamos aqui pra nos mostrarmos presentes, excursionar, fazer turnês, ficar próximo das pessoas. Temos muitas coisas a nosso favor. O brasileiro sabe que ele tem muito mais a ver com um argentino e um mexicano do que um americano. Os brasileiros entendem mais o que cantamos em espanhol do que canta um artista em inglês, e nem por isso a música em inglês deixa de ser ouvida. Acredito que seja apenas uma questão de estar presente, fazer nosso trabalho aqui.

Vocês tem intenção de entrar no mercado de shows sertanejos, atualmente o maior do país. Vocês conhecem o mercado? Sabem que nem sempre a infra-estrutura é semelhante a que um grupo consagrado no exterior está acostumado?

Sergio: Sim, sabemos como funciona, não há problemas. Ter uma carreira bem sucedida não muda nossa relação com a música, que é o que gostamos de fazer. Nós começamos tocando em bares pra 300, 500 pessoas. Não há problemas em enfrentar coisas diferentes do que estamos acostumados. Nossa intenção agora é chegar até as pessoas, ir onde elas estão e levar nossas músicas.

Vocês estiveram no programa do Ratinho, na semana passada, e também gravaram o Raul Gil, dois programas populares para os quais muita gente torce o nariz…

Alex: O Maná é um grupo que gosta de estar cercado de gente. Não somos elitistas, tocamos coisas muito populares. Não importa quem está nos ouvindo, o que importa é a gente poder compartilhar nossas músicas. Quem nos conhece sabe que somos uma banda sem nenhum tipo de preconceito.

Abaixo, a parceria com Luan Santana, “Porto do Amor”, que deve ser a próxima de trabalho.

Por que vocês acham que a dificuldade é tão grande pra um brasileiro fazer sucesso com música popular fora do Brasil?

Alex: Há uma grande diferença no Brasil em relação aos outros. O Brasil é um país muito grande e muitos artistas brasileiros não veem a necessidade de procurar outros mercados, só o Brasil já é um mercado imenso.

Mas a questão da língua pesa, né?

Alex: Há essa questão sim, mas que não deve ser problema. Eu tenho certeza que as pessoas entendem muito mais uma música em espanhol do que em inglês, e nem por isso elas deixam de ouvir inglês. Nós falamos línguas diferentes e nos entendemos. É uma questão muito mais de estar presente, de estar em turnê em um país, do que exatamente um problema entre as línguas.

Vocês conhecem as versões de músicas de vocês feitas por artistas sertanejos, como “Coração Espinhado”, do Leonardo, e “Um cantinho do seu coração”, do Chrystian e Ralf?

Fher: Nós acabamos conhecendo por YouTube, sempre ficamos surpresos em ouvir nossas músicas na interpretação de outras pessoas, é curioso ouvir uma outra leitura de uma música que você fez.