Foi lançado, no último final de semana, um site chamado MEGA. Ele é de propriedade do alemão Kim Dotcom, dono do famoso MegaUpload, que foi um dos maiores sites download do mundo. Kim, aos que não se lembram, foi preso em 2012 por diversas violações aos direitos autorais nos Estados Unidos.
Seu novo projeto é um jogo de xadrez que ele disputa com a legislação de diversos países. Kim é um sujeito de 39 anos que segue cutucando uma indústria velha e atrasada, servindo de herói de uma geração que não está muito preocupada com os direitos autorais. Tanto é que em 24 horas, 1 milhão de pessoas já utilizaram seu novo serviço.
A nova aposta do alemão, que mora na Nova Zelândia, é a seguinte: se baixar algo sem autorização é ilegal, vamos compartilhar. Eu te passo meus filmes, você me passa suas músicas, e ninguém interfere nas nossas atividades pessoais.
“Mas qual a novidade nisso?”
A privacidade*. Você usa o site, mas eles não têm acesso a seus dados, por conta de um sistema próprio de criptografia. Gratuitamente, há um espaço de 50 Gigas (equivalente a mais de 10 mil músicas) que cria links dos arquivos que você coloca lá dentro. Com os links em mãos, você compartilha os arquivos com uma ou com 10 milhões de pessoas.
“Mas o 4shared e tantos outros sites fazem algo parecido há anos!”
Aí entra mais uma vantagem: os arquivos também são criptografados, e o próprio MEGA não tem acesso ao que você coloca dentro da sua conta. É como se fosse um espaço seu, na rede, que ninguém pode ter acesso além de você (seu email, seu Facebook e diversos outros serviços não tem tanta privacidade quanto você acha). O MEGA não tem a chave para descriptografar suas informações.
*Sobre a questão do anonimato prometido pelo site, há um texto do TorrentFreak, em inglês, que discorda da eficiência anunciada.
Ou seja, mesmo que a justiça obrige a empresa a colaborar com alguma investigação (ela assume que vai colaborar), não há muito o que fazer, pois ela não sabe quem usa seu serviço, muito menos quais tipos de arquivos estão em seus servidores.
É claro que vão cair em cima do tal do Dotcom, vão brigar pra tirar o site do ar, e vão alardear que “essas pessoas vão acabar com a indústria do entretenimento“.
Fato é que, mais uma vez, surge uma tentativa do livre compartilhamento de conteúdo na internet. Neste caso, uma tentativa abertamente confrontadora. O site está no ar, e mesmo ainda passando por testes e com falhas a ser corrigidas, já está causando barulho.
Há duas posições a se tomar diante dos fatos: reconhecer que o direito autoral sofrerá um baque pesado dentro de poucos anos e pensar em alternativas antes que o mundo te deixe pra trás, ou ficar condenando eternamente tais atividades, apoiando-se no velho discurso dos malfadados estúdios e gravadoras.
A maior parte das pessoas que trabalham com música no Brasil, ao que parece, infelizmente, ainda prefere a segunda opção.
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