No mês passado, Eduardo Costa lançou o segundo DVD da carreira, “Pele, Alma e Coração – Ao Vivo”, seu primeiro trabalho pela Sony Music.
Diferentemente de 5 anos atrás, quando lançou o primeiro DVD, Eduardo já não gera desconfianças quanto a seu estilo musical, e deixou de ser um artista muito discutido para se tornar uma realidade.
Cantor popular com maior destaque nos últimos cinco anos, seu grande mérito foi ter se segurado em algumas tradições sertanejas enquanto uma nova música sertaneja passava a dominar o mercado.
Seu novo DVD é um resumo do que Eduardo Costa se transformou nos últimos anos. O novo trabalho traz as participações de Paula Fernandes, Belo, e da dupla Alex e Konrado.
Conversei com o cantor sobre esse novo trabalho, e transcrevo a conversa abaixo.
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Seu segundo DVD sai comemorando os últimos 5 anos do cantor sertanejo mais popular do país dessa nova safra de artistas. O que te fez chegar a esse posto?
Eu, Eduardo Costa, sou povão, eu vim do povão. E pelo fato de ser assim, eu sei o que o povo quer ouvir. Eu não me prostitui, eu não caí pra banda de ninguém. Eu pus na cabeça que eu sabia o que estava fazendo e fui embora, sem ficar bandeando pra outros estilos musicais. Claro que a gente tem que adequar nossa música, ninguém pode ficar tentando enfiar música goela abaixo. Só que nessa adaptação, eu não esqueci meu público. Eu sei o que eles querem ouvir e eu sei fazer o que eles querem ouvir.
E qual a origem de uma música tão popular, que apesar de ter a base sertaneja, vem misturando outros estilos, como o samba?
Eu tenho uma personalidade musical muito forte, eu sei do meu trabalho. Eu sempre ouvi Amado Batista, Odair José, Reginaldo Rossi, Valdick Soriano, Lindomar Castilho, Antônimo Marcos, Jessé. Eu ouvi muito eles todos. Depois ouvi demais Zezé, Leandro e Leonardo, Chico Rey e Paraná, e principalmente o Trio Parada Dura. A gente acaba tirando muita coisa de boa de tanto ouvir, e todos esses que eu citei foram muito populares. O Barrerito, por exemplo, tinha uma lágrima na garganta que eu sempre tentei fazer igual. As pessoas querem emoção, querem ouvir uma música bonita e se emocionar. Meu sucesso é saber emocionar as pessoas.
Sua primeira música de trabalho, “Quem é?”, é um samba. Uma das canções mais faladas do DVD, “Pé de macaco”, também. Vai ser uma tendência na sua carreira?
Eu sempre gostei muito de samba, sempre ouvi e toquei samba. Se você pegar os últimos discos, “Cachaceiro” e “Não vou parar de beber” são sambas. Eu aproveitei esse momento bom do samba romântico, com o Exaltasamba, Revelação e o Belo, e juntei com o sertanejo, que também tá em alta. O samba romântico tem uma popularidade muito alta, então a música “Quem é” vem num momento certo.
A participação do Belo também se aproveita desse momento do pagode?
Eu acho que o Belo é o Eduardo Costa do pagode, do samba. É o cara que arrasta multidões nos shows, canta pro povão mesmo, isso sem ter nada de mídia em cima dele. Acho ele uma das vozes mais bonitas de ouvir do samba. Gosto muito dele e do Alexandre Pires, são meus amigos, e fiquei entre os dois pra decidir uma participação. Como o Belo nunca tinha cantado com um sertanejo, achei que a parceria ia ser muito boa pra nós dois.
Cinco anos sem gravar um DVD não é muito tempo, já que há artistas gravando quase um por ano?
Não, de maneira nenhuma. O que tá acontecendo é que estão banalizando o DVD. Eu não banalizei, não joguei um DVD por ano no mercado, não exagerei na dose com meus fãs. Tô lançando um DVD depois de cinco anos, isso faz com que a pessoa tenha vontade de assistir, de acompanhar o repertório, de reviver com você os últimos anos da sua carreira. Um DVD, pra mim, é releitura de sucessos misturada com canções novas, diferente do que o povo de hoje tá acostumado. Um show inteiro com músicas inéditas, que seu público não conhece, fica muito frio, você perde o calor do público, fica até sem sentido fazer o DVD, já que ninguém ali vai cantar com você. Se o povo não conhece e não vai cantar nada, pra que gravar?
…é que lançar um DVD ajuda a divulgar a imagem, além da música…
Eu sei que é uma escolha, mas ainda assim eu acho errado você gravar DVD como você grava CD. Não tô dizendo que eu sou o único cara certo e que tá todo mundo errado, os anos podem mostrar que eu preciso mudar de pensamento e eu vou mudar. Só que pelo que eu vejo hoje, ficar lançando DVD como se lança CD prejudica o próprio artista.
Das mais de 20 músicas do DVD, só 8 são inéditas. Não é muito pouco?
Tem uma discussão muito chata no sertanejo hoje sobre esse negócio de regravação. São 8 canções inéditas no DVD, mas há outras que são quase 100% inéditas. A “Paguei pra ver”, por exemplo, foi gravada em um disco do Zezé em outro estilo, totalmente diferente, e não foi trabalhada por eles, não tocou na rádio, não foi utilizada. Então não dá pra considerar nem regravação. A mesma coisa com “Eu quero te amar”, que algumas pessoas conhecem, mas a grande maioria nunca ouviu.
As pessoas que discutem esse tipo de coisa deveriam lembrar que o artista faz um trabalho pro seu público. O meu público, na maioria, não conhece “Nenhuma Esperança”, do Milionário e José Rico. Eu cantei no DVD e a maioria não cantou junto. Pro meu público, que vai assistir meu DVD em casa, a música é uma novidade. Eu tenho gente jovem na minha plateia, gente que não é viciada na história do sertanejo, então não conhece muita coisa. Meu público é minha primeira preocupação, depois é que eu vou pensar no que o resto vai achar.
A música com a Paula, “Meu grito de amor”, você não considera regravação?
O Leonardo já tinha gravado, mas foi um sucesso que todo mundo ficou conhecendo? Se você for ver, 90% do pessoal hoje não conhece essa música, então eu não vou colocar na cota de regravação, falar que é música antiga. A música sertaneja tem um repertório imenso que não foi aproveitado. Não vou deixar de gravar uma música só porque alguém já gravou e deixou escondida num trabalho.
Entendi…
Posso deixar um recado?
Pode.
São duas coisas. Primeiro eu queria agradecer quem realmente me abraçou, principalmente os radialistas e o meu público. Eu sou um cara que saiu do povo e fui pra mídia. Não tive um trabalho que me colocou na mídia, eu fui fazendo sucesso lá embaixo e conquistando espaço aos poucos, então queria agradecer mesmo a todo mundo que me ajudou. A outra coisa é a seguinte, coloca aí no blog: quem fala mal da minha carreira e de mim, eu quero é que vá se lascar.