A Folha de S.Paulo completou 90 anos essa semana, e disponibilizou na internet todo o seu conteúdo, desde 1921. Tudo o que foi publicado pelo jornal em 90 anos, pode ser conferido no http://acervo.folha.com.br.
Se você é fã de determinado artista, é só digitar o nome dele na “busca” e ler todos os textos nos quais ele foi citado. É um site a ser visitado com tempo, uma fonte legal para pesquisas, assim como o da Veja também é.
Só que assim como o acervo da Veja, o da Folha mostra como o jornalismo sempre tratou a música sertaneja: algo de outro planeta.
É como se ela fosse estranha aos humanos, e gostar dela fosse algo bizarro.
Em uma pesquisa rápida, li uma matéria chamada “Classe média solta o Jeca em noite sertaneja“, publicada em 12 de julho de 1992. Ela relatava o evento “Bradesco in Concert”, realizado no Ibirapuera, em São Paulo, que teve Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo e Zezé di Camargo e Luciano.
Selecionei três trechos só para dar uma noção do tom utilizado:
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“O ambiente família lembrava o Dia Nacional de Ação de Graças do Bradesco, o patrocinador do megashow. Só que se pagava ingresso e, em vez de um padre, um pastor e um líder espírita, estavam no palco três duplas sertanejas”
“As letras falam de um mundo primitivo, sem arestas ou neuroses. A moral é pré-rock’n’roll (um fio de cabelo denuncia o adultério na música homônima de Chitãozinho e Xororó!)”
“É um mundo carente esse. Tanto que o comedimento padrão vira histeria quando Leandro e Leonardo cantam “Pense em Mim”. Liga pra mim, vai?”
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Curioso é que sempre que o espírito da cachota fala alto, uma derrapada como na interpretação da simples “Fio de Cabelo” acaba saltando aos olhos.
Não é uma questão de época, hoje continua tudo muito parecido.
Esse foi só um exemplo. Vale a pena a consulta. Para quem gosta de olhar a história por uma visão diferente, é uma boa pedida.