Saiu uma matéria no Farofafá, blog da Carta Capital, sobre cancelamentos de shows nos últimos meses (aqui).

De MPB a pagode e sertanejo, há shows caindo semana após semana, e é importante que se discuta para se entender quais são os reais motivos desses cancelamentos.

Da minha posição, acompanhando o mercado sertanejo de perto, vejo que não há outro motivo tão importante além da situação atual do país. Há muitos comentários de que o “modelo de shows faliu”, de que “as pessoas cansaram das músicas de sempre”, mas não acho nada disso.

Com os preços de produtos básicos subindo, as pessoas estão com menos dinheiro ou com gastando menos com medo de ficar sem. Logo, o primeiro corte que fazem é no lazer. Ou alguém vai deixar de comprar comida para ir ao rodeio no próximo fim de semana?

O mercado de shows sertanejo sentiu o baque esse ano, mas vem sabendo lidar com a situação, embora com certas dificuldades. Os festivais foram uma boa saída. Mesmo que com preços mais altos, o consumidor consegue assistir a uma série de shows em um dia só.

Os cachês altíssimos ainda seguem sendo praticados, mas em menor escala. Por trás do espetáculo e da imagem de mercado de grandes cifras, os escritórios vêm se adaptando há tempos junto aos contratantes (relação nem sempre maravilhosa) para que, ainda que o faturamento caia, o artista continue viajando com seu show e fazendo a máquina girar.

Aliado ao momento ruim do país, descobriu-se que noticiar cancelamento de shows dá uma grande audiência, ainda mais se a matéria ridicularizar o artista.

Ou seja, a crise não é só financeira.