As festas de peão estão perdendo a graça?
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As festas de peão estão perdendo a graça?
As festas de peão estão perdendo a graça?

No final de abril, a Folha publicou uma matéria mostrando que os rodeios, apesar de levarem um público semelhante ao do futebol, deixam a desejar na questão dos patrocínios que captam (aqui, para assinantes UOL/Folha).

De acordo com o que foi relatado na matéria, a ausência de mais patrocinadores de peso se deve muito a eterna discussão sobre o maltrato de animais.

Vou colocar abaixo alguns números interessantes da matéria:

-Em 2010, as 30 maiores festas de rodeio do Brasil tiveram 4 milhões de visitantes. O Campeonato  Brasileiro de futebol levou 5,6 milhões de pessoas no mesmo período.

-A CNAR (Confederação Nacional de Rodeio) calcula que em 2009, em todo o território nacional, foram realizados cerca de 1800 rodeios.

-Esses 1800 rodeios movimentaram, em 2009, cerca de R$ 3 bilhões de reais.

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Deixando a desejar ou não o lado do patrocínio, o fato é que os rodeios são um negócio de enorme sucesso. Apesar de todo esse sucesso, a pergunta que fica é: eles estão mais interessantes que os de 10 anos atrás?

Estive em doze edições do rodeio de Barretos. Assisti, por exemplo, Bruno e Marrone, Rionegro e Solimões e Edson e Hudson cantarem juntos em 2003. Show exclusivo.

Vi, também, Rionegro e Solimões tirarem grande parte do público da arena quando foram colocados em um palco secundário, anos depois. Cena inesquecível.

Até pelo menos 10 anos atrás, festas de rodeio eram muito caracterizadas pelos locutores performáticos, pela presença das comitivas e pelo espaço reservado ao sertanejo tradicional, independentemente de quem fosse o artista principal da noite. Milhares de pessoas conheceram clássicos sertanejos por conta desses locutores, que tocavam trechos de modas antigas entre uma montaria e outra.

Esse ano, fui a quase todas as noites do rodeio de Jaguariúna. A maioria dos shows teve o público esperado, mas praticamente não vi comitivas, e isso significa muito, já que a festa é uma das mais conhecidas do país. A impressão que passa é que a música e o mercado sertanejo se desenvolveram muito, e como os shows garantem os lucros, a tradição das festas acabou sendo colocada de lado.

Entre 2010 e 2011, estive em festas de rodeio em oito estados, por conta do trabalho. O relato acima pode ser aplicado a todas elas.

Pode parecer até saudosismo (quem sabe seja isso mesmo), mas a impressão que passa é que as festas de peão deixaram de ser uma atração para se tornar simples pano de fundo para shows sertanejos.

Financeiramente, o sucesso das festas é indiscutível. A diversão que elas proporcionam, no entanto, é bem inferior a que já proporcionaram um dia.