O novo sertanejo e o complicado público-preguiça
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O novo sertanejo e o complicado público-preguiça
O novo sertanejo e o complicado público-preguiça

Na semana passada, um dos assuntos mais comentados no meio sertanejo foi o lançamento da música “Lendas e Mistérios”, de Fred e Gustavo com Maria Cecília e Rodolfo. A primeira dupla, para quem não conhece, é uma aposta do “Clube do Cowboy”, empresa promotora de shows que esteve por trás do sucesso de Victor e Leo.

A tendência é que a dupla comece a aparecer a partir dos próximos meses, com o lançamento do DVD gravado no sábado retrasado, 16, em Uberlândia.

A canção “Lendas e Mistérios”, publicada por aqui na semana passada, tem história, letra e foge do padrão do que tem sido lançado por aí. Além do mais, o refrão também é forte. Quem não ouviu, pode conferir abaixo.

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A narrativa extensa, pouco comum nos últimos anos, foi o principal alvo dos elogios. Curiosamente, vai na contramão do preguiçoso novo público sertanejo. Não à toa, já surgiram comentários de que a música é muito boa, mas não para rádio.

-“É difícil de decorar”, dizem.

A torcida para que ela vire sucesso é grande, pois encorajaria outros artistas a procurar por canções diferentes.

O novo CD de João Bosco e Vinícius escolheu um lado e foi em frente. Quem ouvir a primeira faixa do novo álbum, chamada “Constelações”, vai se deparar com uma baladinha pop, que poderia muito bem ser gravada por uma banda jovem, mas com uma sanfona que ainda a deixa presa ao sertanejo.

Como realmente ninguém tem certeza do que vai virar sucesso ou não, a dupla fez sua aposta e acredita que inovar é o caminho. A canção pode ser ouvida abaixo.

[uolmais type=”audio” ]http://mais.uol.com.br/view/10936857[/uolmais]

Tentando entender o que o povo quer ouvir, é inevitável criar confusão. Em que música apostar, se o público atual transformou um pagode em uma das músicas sertanejas de maior destaque no ano passado?

Michel Teló virou uma figura descolada que consegue levar público no Rio de Janeiro. Ele estourou com “Fugidinha”, emendou “Se intrometeu” e agora, após quase ter colocado nas rádios “Me Odeie”, regravação de uma banda de rock, trabalha a canção “Larga de Bobeira”.

Há outras músicas melhores que ela no DVD, mas são batidões. E batidões, para quem está provando de um público “descolado”, não é assim tão bom negócio. Em meio a tantas duplas, quantos não apostaram que Michel sumiria após sair do “Tradição”?

Quem melhor entendeu o público dessa nova geração foi Sorocaba. É criticado por suas músicas de estrutura e letras muito simples, mas é o segundo arrecadador de direitos autorais no Brasil. “Meteoro” tem a mesma estrutura de “Paga pau”, mas como discutir se as duas conseguiram fazer muito sucesso?

Enquanto Luan aproveita a exposição na novela da romântica “Amar não é pecado”, quem se destaca no rádio é mais uma de Sorocaba, a nada rebuscada “Um Beijo”.

Afinal, como dizer que ele não entendeu inteiramente o novo público preguiçoso, se a atual canção mais festejada em seus shows tem o refrão “Tá tá tá tá”?

O último hit de Victor e Leo foi “Borboletas”, uma metáfora. Usar metáforas não tem sido bom negócio, as letras de Victor são exceções. Mesmo assim, ele parece não se conformar em ver que muita gente não entendeu, até hoje, que “sapo caiu na lagoa” também é uma metáfora. Assim como vai olhar decepcionado ao ver que muitos não entenderam como se bebe água de oceano.

Victor e Leo sempre se preocuparam antes com o que estão a fim de gravar do que com o que o público espera deles, e tem a consciência de que essa postura de não ficar correndo atrás de hits pode causar diversas oscilações na carreira. Só que como já dito, é tudo uma questão de postura, e eles assumem essa.

Como entender um público que, em um barzinho, canta de cor a não-trabalhada “Mil Anos”, do último CD de Jorge e Mateus, e tem a capacidade de se perguntar “que música é essa?” quando começa a tocar “Traz ela de volta pra mim”, um dos grandes sucessos da dupla? Que público é esse?

Colocando-se no lugar de um cantor de sucesso, os conflitos ficam mais claros.  O quanto arriscar? Mexer em time que está ganhando? Vai do perfil de cada um, e a forma de tocar a carreira também faz parte do sucesso de uma dupla.

O público atual é tão infiel e volúvel, que troca facilmente um show sertanejo por um do Exaltasamba, tanto que a banda está nas programações dos maiores rodeios esse ano. Para quem só está a fim de festa, é basicamente a mesma coisa.

É uma situação complicada de se administrar, por isso mesmo tanta gente tem errado.

No entanto, essa é a realidade.